Apanhei o chapa na praçinha de Manjacaze às 9 horas da manhã, claro que não saiu a horas. Ficamos à espera que encha de malta: vovós com netas, mães com filhos, rapazes, homens, tugas brancas (eu), e meninas adolescentes...a viagem durou 4 horas, por entre paisagens bonitas de planícies e machambas de arroz, milho e tomate. Nesta viagem, ao meu lado vinha um Senhor que me falava da vida em Manjacaze e da vida Moçambicana...no meu tempo não era assim...havia mais respeito, não andávamos de transporte em cima uns dos outros e desorganizados...pensava eu: no meu tempo?...é a deixa para ele falar da época colonial...por causa da minha cor, claro....e assim falámos durante algum tempo das saudades que ele tinha da organização e da fome que não havia e que há agora. Vês esta cor, esta raça, e apontava para o seu braço...não é fácil....sabes que monhé não se mistura com brancos ou negros...mas há uma fábrica de castanha de caju em Manjacaze gerida por um monhé casado com uma branca americana. Ela dá aulas de Inglês na Escola Secundária....uau disse eu....mistura de Indianos com brancos é muito raro nestas bandas...neste País...
Curioso, antigamente existiam as cantinas (armazéns espalhados pelo interior, pelo mato), onde as pessoas trocavam bens e géneros: caju por capulanas, açucar por arroz, sal por tomate, etc...
Ouvia-o, porque adoro histórias e a curiosidade aguça por saber como seriam esses tempos...ora não seja eu filha do 25 de Abril....
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