As irmãs Concepcionistas dedicam-se sobretudo aos pobres. O seu lema é dar testemunho de Mãe, o Ser maternal. É por esse facto que têm para além das escolinhas pré-primárias, o centro nutricional que falei atrás. Existem casos gritantes, relatados pela irmã Emilia: tipo apareceu há cerca de 6 anos atrás, um menino num estado lastimável de sub nutrição e com malária. Filho de um velho com 80 anos e uma jovem. A mãe morreu. O menino ficou sem rumo e foi parar às mãos das irmãs. Elas trataram dele, só que não viam melhoras, ele definhava e não evoluía. Na verdade queriam a certa altura entregá-lo à familia, vendo que iria falecer. Mas não o fizeram, ele acabou por ganhar a morte e a vida voltou! Este menino, hoje está em Maputo em casa de uma tia, que é a Mãe dele. Uma história que acabou em bem. A fé também valeu lhes!!!!!
O pequenino do qual falei há uns dias atrás, por exemplo: a Mãe dele está amarrada a uma árvore, porque deu em maluca. Tem 3 filhos, uma menina de 10 anos, o Alexandre de 14 anos e o pequenino de 4 anos. O Alexandre e este pequenino estão com as irmãs. Dantes, quando as irmãs foram buscá-lo lá no mato à casa de familia, o pequenino tentava safar-se tentando por a mão no prato dos irmãos e dos primos (5 primos)....para além de ter feridas e estar muito sujo.
Hoje o pequenino é uma criança alegre, gordinha e muito viva. Percebe Changane e Português, embora não faça frases. Tem corpo de criança de 2 anos.
Este trabalho das irmãs é muito bonito. Ensinam as mamãs do centro nutricional a dar banhos e a mudar as fraldas aos filhos. Falam das rotinas, comer, dormir, e de brincar para que os seus filhos viam tranquilos e saudáveis.
Nestas férias não haviam Mães no Centro nutricional, por isso não trabalhei com elas. Dei mimos ao pequenino, falei com o Alexandre e testemunhei o trabalho e fé das irmãs. Já foi muito em 5 dias. Só 5 dias....e descansei, dormi, dormi e comi muito bem...aquelas comidinhas de Mãe.
Não há Mães agora, porque estão na colheita do feijão. Para fazerem dinheiro. Assim que acabar os tempos das colheitas, irão bater à porta delas, porque os miúdos estão esfomeados...é um paradoxo, mas na realidade enquanto colhem o feijão esquecem as crianças. É um ciclo triste e de luta constante. Mas há casos de sucesso, como aqueles que já falei.
Só posso testemunhar e aprender com humildade a generosidade e porque não a presença de Jesus como instrumento através dos trabalhos destas irmãs.
Só posso também diferenciar essa vida com aquela que se vive em Maputo, (cheguei ontem à cidade), onde as pessoas se comem por 1 euro e pisam os outros para obter mais, e enganam para passar por cima. As cenas que vejo por aqui na rua são horríveis: ainda ontem alguém a pontapear um velho pobre embriagado. O agressor era alguém jovem, sem camisa, e com uma lata de cerveja na mão....a minha vontade é de intervir, gritar. Aproximei me com a mota sem nada dizer e não sei se por coincidência (acho que não), ele acabou com a raiva de merda que lhe ia naqueles braços e pés...o velhote levantou-se....e como gemia e chorava....Não sei o que seria se me metesse, eu poderia também levar um soco, ou então estes tipos são de pistolas não é raro ouvir tiros neste bairro central de Maputo (onde estava naquela hora)...mas que injustiça!!!Graças a Deus o mundo não é só feito de pessoas más, mas sim por pessoas que fazem o bem. É essa a vontade de mudança, é essa a força que nos faz ir em frente, o querer mudar nem que seja uma só pessoa, já valerá pena!
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