quarta-feira, 22 de abril de 2009

A fiel motorbike, em CATEMBE





Catembe fica "do outro lado do rio" de Maputo. De Ferry boat fica a 10/15 minutos. A rampa para entrar de mota no ferry não é fácil. A mota é alta e tenho de subir a rampa não posso parar a meio, claro. Estava com medo...e assim que iniciei parei...mas o André agarrou com uma mão a parte traseira da mota e e voilá não caí.....a segunda tentativa, respeirei fundo e acelerei.
Catembe ....tem mar, praia, as estradas são de terra e pode se comer na barraca do Pedro, peixe fresquinho com batatas fritas. Fomos á praia dos Amores, talvez chamem amores, por ser uma praia que acaba com uma Rocha enorme, efeitos da natureza.....

terça-feira, 21 de abril de 2009

Mandlakaze V (na casa das irmãs)


a machamba das irmãs

irmã Emilía

c pequenino e António

os manos e o António

os manos
os folares da irmã sandra

A casa das irmãs (parte da frente)

A casa das irmãs (parte traseira)

A capela
Aqui estão as fotos da semana da Páscoa, passada em Mandlakaze, na casa das Irmãs.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

As saudades da cultura contemporânea de Lisboa

Apesar de gostar de viver em terras Africanas, tenho saudades do Ocidente e da Europa. Saudades de ir ao teatro Português, alternativo, o do Bairro Alto, o da Trindade, o São Luíz....dos actores Nuno Lopes, da Ana Moreira e tantos outros jovens actores talento....saudades de por óculos escuros e deambular no Chiado, na Baixa, na Bica...de ir a uma esplanada e ler o Expresso e a Única, ou a Gente, ou a Caras, ao sol, sem barulhos e bem tranquila....saudades de ir ver uma exposição contemporânea (pintura) ao CCB, saudades de ir ao King ver filmes Europeus, saudades de Lisboa, do cheiro de Lisboa...muitas saudades de passar incógnita nas ruas, sem ninguém dar por mim, sem ninguém a pedir me guita, sem que ninguém olhe de cima para baixo para mim para ver o que visto, de que forma é o meu corpo....como me atrofia este observar por observar, esta curiosidade que toca o malicioso...e que é geral, e que faz parte da cultura do povo Moçambicano...entra por mim.....e faz me sentir invadida....mas já aprendi a desvalorizar, a desdramatizar, a relativizar....olhando em frente e alheando me desses olhares. Concentrando me naquilo que tenho para fazer ou aquilo que vou fazer a seguir, ou simplesmente olhando arquitecturas na cidade, "pondo a cabeça a viajar"....se já sou distraída por natureza, então tento ser ainda mais distraída e abstrair-me de banalidades rotineiras feitas através dos olhares alheios.

domingo, 12 de abril de 2009

Páscoa !!!!

Domingo de Páscoa. Este é aquele dia que verdadeiramente se pode chamar domingo, isto é, dia do Senhor, dia d’Aquele que está vivo e garante o sentido das nossas vidas abrindo a luz na escuridão, mostrando a vida nova que está a nascer das dores tomadas com amor. Domingo de Páscoa, ou da passagem. Passagem da vida mesquinha à vida plena! Levamos três dias a apercebermo-nos desta passagem. A morte e a perda chocam-nos, é o primeiro tempo. Depois vem o tempo seguinte, o de assimilar a perda, de a confrontar! Ao terceiro dia já começamos a ver as coisas de outro modo, estamos prontos para a aparição.
Pe Vasco Pinto Magalhães sj

sábado, 11 de abril de 2009

A viagem de volta para Maputo

Apanhei o chapa na praçinha de Manjacaze às 9 horas da manhã, claro que não saiu a horas. Ficamos à espera que encha de malta: vovós com netas, mães com filhos, rapazes, homens, tugas brancas (eu), e meninas adolescentes...a viagem durou 4 horas, por entre paisagens bonitas de planícies e machambas de arroz, milho e tomate. Nesta viagem, ao meu lado vinha um Senhor que me falava da vida em Manjacaze e da vida Moçambicana...no meu tempo não era assim...havia mais respeito, não andávamos de transporte em cima uns dos outros e desorganizados...pensava eu: no meu tempo?...é a deixa para ele falar da época colonial...por causa da minha cor, claro....e assim falámos durante algum tempo das saudades que ele tinha da organização e da fome que não havia e que há agora. Vês esta cor, esta raça, e apontava para o seu braço...não é fácil....sabes que monhé não se mistura com brancos ou negros...mas há uma fábrica de castanha de caju em Manjacaze gerida por um monhé casado com uma branca americana. Ela dá aulas de Inglês na Escola Secundária....uau disse eu....mistura de Indianos com brancos é muito raro nestas bandas...neste País...
Curioso, antigamente existiam as cantinas (armazéns espalhados pelo interior, pelo mato), onde as pessoas trocavam bens e géneros: caju por capulanas, açucar por arroz, sal por tomate, etc...
Ouvia-o, porque adoro histórias e a curiosidade aguça por saber como seriam esses tempos...ora não seja eu filha do 25 de Abril....

Mandlakaze III

As irmãs Concepcionistas dedicam-se sobretudo aos pobres. O seu lema é dar testemunho de Mãe, o Ser maternal. É por esse facto que têm para além das escolinhas pré-primárias, o centro nutricional que falei atrás. Existem casos gritantes, relatados pela irmã Emilia: tipo apareceu há cerca de 6 anos atrás, um menino num estado lastimável de sub nutrição e com malária. Filho de um velho com 80 anos e uma jovem. A mãe morreu. O menino ficou sem rumo e foi parar às mãos das irmãs. Elas trataram dele, só que não viam melhoras, ele definhava e não evoluía. Na verdade queriam a certa altura entregá-lo à familia, vendo que iria falecer. Mas não o fizeram, ele acabou por ganhar a morte e a vida voltou! Este menino, hoje está em Maputo em casa de uma tia, que é a Mãe dele. Uma história que acabou em bem. A fé também valeu lhes!!!!!
O pequenino do qual falei há uns dias atrás, por exemplo: a Mãe dele está amarrada a uma árvore, porque deu em maluca. Tem 3 filhos, uma menina de 10 anos, o Alexandre de 14 anos e o pequenino de 4 anos. O Alexandre e este pequenino estão com as irmãs. Dantes, quando as irmãs foram buscá-lo lá no mato à casa de familia, o pequenino tentava safar-se tentando por a mão no prato dos irmãos e dos primos (5 primos)....para além de ter feridas e estar muito sujo.
Hoje o pequenino é uma criança alegre, gordinha e muito viva. Percebe Changane e Português, embora não faça frases. Tem corpo de criança de 2 anos.
Este trabalho das irmãs é muito bonito. Ensinam as mamãs do centro nutricional a dar banhos e a mudar as fraldas aos filhos. Falam das rotinas, comer, dormir, e de brincar para que os seus filhos viam tranquilos e saudáveis.
Nestas férias não haviam Mães no Centro nutricional, por isso não trabalhei com elas. Dei mimos ao pequenino, falei com o Alexandre e testemunhei o trabalho e fé das irmãs. Já foi muito em 5 dias. Só 5 dias....e descansei, dormi, dormi e comi muito bem...aquelas comidinhas de Mãe.
Não há Mães agora, porque estão na colheita do feijão. Para fazerem dinheiro. Assim que acabar os tempos das colheitas, irão bater à porta delas, porque os miúdos estão esfomeados...é um paradoxo, mas na realidade enquanto colhem o feijão esquecem as crianças. É um ciclo triste e de luta constante. Mas há casos de sucesso, como aqueles que já falei.
Só posso testemunhar e aprender com humildade a generosidade e porque não a presença de Jesus como instrumento através dos trabalhos destas irmãs.
Só posso também diferenciar essa vida com aquela que se vive em Maputo, (cheguei ontem à cidade), onde as pessoas se comem por 1 euro e pisam os outros para obter mais, e enganam para passar por cima. As cenas que vejo por aqui na rua são horríveis: ainda ontem alguém a pontapear um velho pobre embriagado. O agressor era alguém jovem, sem camisa, e com uma lata de cerveja na mão....a minha vontade é de intervir, gritar. Aproximei me com a mota sem nada dizer e não sei se por coincidência (acho que não), ele acabou com a raiva de merda que lhe ia naqueles braços e pés...o velhote levantou-se....e como gemia e chorava....Não sei o que seria se me metesse, eu poderia também levar um soco, ou então estes tipos são de pistolas não é raro ouvir tiros neste bairro central de Maputo (onde estava naquela hora)...mas que injustiça!!!Graças a Deus o mundo não é só feito de pessoas más, mas sim por pessoas que fazem o bem. É essa a vontade de mudança, é essa a força que nos faz ir em frente, o querer mudar nem que seja uma só pessoa, já valerá pena!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Melhor mensagem do Dia da Mulher Moçambicana





O Ptiluc acabou a sua viagem Africana na sua BMW





http://blogs.motomag.com/ptiluc4/

Acima encontram o relato de Novembro de 08 a Março de 09 das aventuras de país em país do meu amigo Ptiluc, aquele frances que conheci em Novembro cá em Maputo e que subiu África acima, desde Maputo até ao Chad na sua BMW 1100CC de 15 anos...Ele próprio à medida que viajava, escrevia no seu blogue a sua viagem....em frances e fazia cartoons sobre a mesma, com relatos e descriçoes fabulosas.... lembram se de que ele é um cartoonista famoso em França....delirem com o seu blogue...agora deve estar a descansar algures no campo nos arredores de Marseille...chegou ha 1 mes a Europa.

Mandlakaze II

Mandlakaze quer dizer Manjacaze em changane, dialecto do sul.
De manha fui com a irma Emilia e irma Dália ao banco e a cadeia. Na cadeia falamos com o guarda que elas já conhecem...o intuito era combinar um almoço oferecido pelas irmas para Sabado de Pascoa. Os reclusos sao cerca de 88. A irma ficou admirada com o aumento de reclusos. Parece que vem de uma terra aqui por perto, onde a criminalidade sente se mais através, segundo ele, dos homicidios e dos furtos. Mas na verdade, nestas terras, por roubares um pao, és quase morto pelo povo, se tiveres o azar de seres apanado....
Antes do almoço, esta a pensar arranjar uns jovens para falarem e conviverem com eles. É uma forma diferente para eles de viverem a Páscoa, através da presença e testemunho delas. Elas estao nesta terra há 15 anos, o seu trabalho é conhecido.
Cá em casa as irmas Moçambicanas andam a fazer folares e bolas salgadas. A casa tem um cheiro bom a bolinhos, toda a casa....também os jovens andam nos ensaios das danças para a via sacra de sexta feira, a morte de Jesus, mesmo aqui ao lado de casa, num descampado murado onde será a missa campal desta Pascoa.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Manjacaze I

A irma Emilia chegou de viagem, a minha amiga Portuguesa. Esteve 1 dia em Maxixe, província de Inhambane, a cerca de 5 horas norte litoral daqui, onde as irmas tem outra casa e trabalhos. Aqui as irmas tem galinhas e coelhos. Fomos as duas ver os coelhos e ela verificou que um estava com os olhos praguejados de pulgas miudinhas. Arranjou cinzas e misturou óleo, fazendo uma papa. Mexeu bem e com os dedos pos a mistura nos olhos, nariz e pescoço do coelho. O coelho esta tao magro, as pulgas como que chupam o sangue do animal, deixando o de rastos. Mudamo lo de casinha de coelho e demos lhe ervas secas para que coma e nao faça diarreia. Vamos ver se vai sobreviver.
Depois levei o pequenino ao mercado, eu tinha de comprar um sabonete, ando a tomar banho desde ontem com champô, e precisava tambem de credito para carregar o telele. O pequenino andou que nem homem, sem tropeçar e muito curioso com o movimento a sua volta. O mercado fica pertíssimo da casa das irmas. Eu era a única branca nas imediaçoes, mas devem estar habituados a ver de vez em quando brancos...
Manjacaze tem apenas mercado, igreja, correios, o banco BIM, um hospital rural, a casa das irmas que tem o centro nutricional, uma farmácia e penso que é tudo....claro que tem uma pracinha como todas as vilas cá. Voltámos para casa, as irmas Moçambicanas descascavam mandioca no quintal. O pequenino tomou banho dentro de um alguidar grande e foi dormir, porque hoje à tarde nem fechou olho.

Dia da Mulher Moçambicana feriado 7 de Abril HOJE


JOSINA MACHEL, mulher de Samora

A guerrilheira e activista moçambicana Josina Machel nasceu a 10 de Agosto de 1945, em Inhambane, Moçambique, com o nome de Josina Abiatar Muthemba.

Aos 18 anos, em Março de 1964, Josina Muthemba foi presa em Victoria Falls, na Rodésia e posteriormente entregue à PIDE (polícia política do regime português) em Lourenço Marques (agora Maputo). Em Maio do ano seguinte mudou-se para a Tanzânia.
Em 1967 a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que lutava pela independência de Moçambique face a Portugal, criou o Destacamento Feminino, onde Josina se viria a filiar de imediato, abdicando para isso de uma bolsa no estrangeiro. Ainda nesse ano foi nomeada chefe da Secção da Mulher, no Departamento de Negócios Estrangeiros. Ao longo da sua vida, defendeu sempre a igualdade de direitos entre o Homem e a Mulher. Em Maio de 1969 casou com Samora Machel, um dos líderes da FRELIMO e futuro presidente de Moçambique, passando a adoptar o nome de Josina Machel. Em 23 de Novembro desse mesmo ano nasceu o primeiro filho do casal.

Em Fevereiro de 1971 participou na 2.ª Conferência do Departamento de Defesa. No dia 6 de Março desse mesmo ano visitou as zonas libertadas de Cabo Delgado, para também aí organizar orfanatos e desenvolver actividades do Departamento da Mulher. Josina Machel viria a falecer a 7 de Abril, em Dar es Salaam, na Tanzânia, vítima de esforço físico por estar debilitada devido ao seu estado de gravidez, o que não a impediu de continuar envolvida em actividades de guerrilha. As suas aptidões eram bastante reconhecidas, altos dirigentes da FRELIMO receberam instrução militar de Josina Machel.

Hoje, recebi este sms de um Moçambicano, o Ismael, que diz assim,

Olá mulher! Mulher dedicada, inteligente, incansável, corajosa, forte, paciente e linda. Seja sempre alegre, feliz por seres mulher!feliz dia 7 de Abril, bjs

www.indielisboa.com 23 de abril a 3 de maio




Aproveitem!!!!!!!!!!

Segue a programação completa do Especial IndieLisboa no canal TVC2:

Quarta, 8 de Abril, às 21h30, Os Savages, de Tamara Jenkins Quarta, 15 de Abril, às 21h30, Rails & Ties – Laços de Esperança, de Alison EastwoodQuinta, 16 de Abril, às 23h05, Delírios (Delirious), de Tom DiCillo Sexta, 17 de Abril, às 23h20, Vera Drake, de Mike Leigh Sábado, 18 de Abril, às 23h35, A Mulher do Aviador (La Femme de l'Aviateur), de Eric RohmerDomingo, 19 de Abril, às 23h05,O Estado mais Quente (The Hottest State) de Ethan Hawke Segunda, 20 de Abril, às 23h20, Joe Strummer – A Alma dos Clash (Joe Strummer – The Future is unwritten), de Julian temple
Terça, 21 de Abril, às 23h25, My Blueberry Nights – O Sabor do Amor, de Wong Kar WaiQuarta, 22 de Abril, às 21h30, Black Snake Moan: A Redenção, de Craig Brewer Quarta, 29 de Abril às 21h30, O Segredo de um Cuscuz (La Graine et le Mulet), de Abdel Kechiche

Manjacaze

Este teclado nao tem acentos........Estou a 5 horas norte de Maputo, numa vila que se chama Manjacaze. Os ultimos 40 quilometros, sao em picada, terra batida. Fica a 1h15 do mar, faz calor. A viagem de chapa, género mini bus, é desconfortavel, porque nao podes dobrar as pernas, tens um banco à frente, pessoas num lado e sol do outro. Todos trazem grandes sacos de farinha e outros géneros alimentícios.
Vim para casa das irmas concepcionistas, que tem uma casa enorme, com quintal e jardim, e um centro social, nutricional aqui para as maes e crianças. Agora nao tem maes e so tem apenas uma criança que é o pequenino, que tem 4 anos, mas corpo de 2 anos, muito alegre e entende bem changane e portugues. Tem mais dois meninos de 14 anos, mas com corpos de 10 anos, que as irmas estão a ajudar tambem, mas andam na escola e tem bom ar, apesar de pequenos. Eles quase nao percebem o meu portugues, falo palavras e nao frases inteiras. Ambos estao na 1 classe, nao sei o que lhes aconteceu antes.
O nome proprio do pequenino é Madeira, nome apelido, e como ele é mesmo pequenino, chamam no pequenino....hei de voltar a falar dele, dos outros meninos e do trabalho delas.