terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Concerto do Jorge Palma




Jorge Palma surgiu duas noites em Maputo, uma sexta e sabado. Fui vê-lo no Sábado ao bar dos CFM (Caminho de Ferro Moçambicano), de facto é uma estação de comboios lindíssima, onde foi filmado "Blood Diamands", é a fachada do hotel no filme, onde as pessoas tentavam escapulir se dos tiroteios. Por sorte nesse dia, foram pouquissimas pessoas, logo foi um concerto intimista com o seu filho Vicente, que tem um grande talento ao piano. Felicitei o Vicente no fim e os meus amigos tugas quiseram felicitar o Jorge, que dizia: epá parece que houve malta que não gostou dos meus improvisos, vejam lá pá......aqele estilo dele único e que ninguém leva a mal, pois faz parte de si mesmo.

Continuação das imagens no Maputo (Av Eduardo Mondlane) e vista da cidade







Imagens da cidade do Maputo


Táxi mota na baixa


Cruzamento Ronil


Av 25 de Setembro, baixa



Av Eduardo Mondlane



Av Eduardo Mondlane

A maior parte das imagens foram tiradas na Av. Eduardo Mondlane, a minha favorita da cidade e por acaso onde moro. É larga, diversificada, movimentada, com muitas lojas, muitos prédios altos, algumas pracetas de bairro, bombas de gasolina, muita habitação, comes e bebes, e muitíssimas árvores antigas e com grandes copas, lindas....

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Paga-se a multa e vê-se a mota por um canudo

No dia seguinte, lá fui eu pagar a multa ao guichet, fiquei numa fila....quando vejo uma cota e um jovem a meterem se à frente do jovem à minha frente....e disse a este: então deixas passar?
Ele responde: eles estavam sentados ali a guardar lugar....e os outros olharam e assentiram com a cabeça....eu disse: ah agora, guarda-se lugar sentado???!!! Está bem....resignei-me, porque não dá para discutir mais, senão a cabeça fica toda lixada.....passados minutos intermináveis, dá se a mesma cena, desta feita com uma mulher de meia idade que se enfia toda lampeira à frente de alguém: Ó minha Senhora, mas está a ir para onde (digo eu)...ela olha pra mim e diz o mesmo que os outos disseram....aqui já começei a encher....pedi ao moço à minha frente para guardar o meu lugar e bazei para o gabiente do Chefe Jonas (atenção que este tinha dito nessa manhã a uma funcionária para eu me dirigir ao guichet 10, onde ele se encontrava a trabalhar)...
tu viste-o? pois eu também não...Quando queria entrar pelo gabinete dentro, fui impedida no corredor por um par de mamas pertencentes a uma Senhora, que não me deixava passar, dizendo que ela estava ali à espera....a porta abriu-se e foi a minha deixa....Ó Chefe Jonas, mas eu estou nos guichets para pagar há tanto tempo, passam à minha frente e nada...o que se passa? E ele: Ah, é a menina de ontem, não é??? Pega no telefone e diz: Ó Cruz atende lá aquela Senhora da multa....Obrigada Chefe...e bazei....voltei ao meu lugar da fila...e por coincidência era a minha vez...O Cruz já lá estava do lado de dentro, com o meu processo e a Sra da Ciaxa também, claro....não é que faltavam míseros 10 meticais, (preço de umas quantas pastilhas) para pagar a multa? E eu digo: desculpem lá esse dinheiro, acabo de pagar milhares de meticais e não me querem desculpar 10 meticais???
Não, não dá, não vê as pessoas atrás de si, arranje o dinheiro...entretanto como os Moçambicanos são por natureza maningue cuscos, bué, mas bué mesmo....estavam a comentar aquilo que eu estava a pagar e aquilo que faltava (os que estavam atrás de mim)....eu disse à Sra da Caixa: Ok, vou pedir para a rua....bazei.....fui apanhar ar....ali à porta, ver pessoas, fumar um cigarro, fazer tempo para mim, seria fácil pedir esse dinheiro....quando apareceu uma miúda que me disse:
já arranjaste os 10 met? Ela tinha presenciado a cena.... Toma lá....eu agradeci... e fui logo dar esse dinheiro...recebi os recibos todos e bazei dali.....
Quando "encontro" a mota que tinha experimentado há 15 dias. Estava estacionada à porta da Migração e o Dono (achava eu) por perto. Perguntei-lhe: A mota é tua? Ele disse, sim comprei-a ao Flávio. E eu disse: eu sei, eu estava interessada também nessa mota, mas ele pedia muito dinheiro por uma mota com 120 mil Kil, cerca de 500 euros, uma enduro chinesa, 200 CC. Mas com bom motor.....coincidências...esta cidade é pequena....
O Patife do Flávio disse que vendia me a mota, e estava a prepará-la: piscas, bateria, o que é essencial, quando aparece este gajo dá o dinheiro que o Flávio quer e o patife vende -lhe a mota....na boa, esquece-se que a tinha prometido para mim. Mas nesta mesma altura, fui aconselhada a não comprá-la, mesmo por um preço mais baixo (por Moçambicanos motoqueiros que percebem de motores)...enfim....paciência pra tudo.....mas com o DIRE à vista, apesar de andar a pé, de boleia e de chapa.

A estória da multa na migração e renovação do DIRE

Após três meses com o meu DIRE (autorização de residência) algures nos gabinetes da Direcção Nacional de Migração, juntamente com toda a papelada burocrática para pedido de renovação (muitas folhas, com cartas de pedido de clemência de uma multa de 600 euros ou para pagar a dita a prestações, formulários, declaração do ex boss da Beira (entidade a partir da qual a Migração concedeu me o DIRE), etc...
O problema fulcral disto tudo é que a Escola Verney fez um contrato de trabalho comigo interno, mas não tinha autorização do Ministério do Trabalho para me empregar como estrangeira, logo ao apresentar esse contrato na Migração, o mesmo não teria qualquer tipo de validade, logo a migração não me poderia facultar a renovação do DIRE que estava a caducar (tem validade de 1 ano). A Directora desta escola (gestão Moçambicana) já sabia da encrenca, eu é que não sabia de nada quando fui para lá trabalhar (que não tinham licença).
A multa é outra história.....quando saí da Beira devia ter participado à Migração da minha cessação de trabalho na ONG, e pedido mudança de residência para Maputo (onde me encontro desde Maio), mas como não sabia que tinha de os informar, eles contaram os dias desde que saí da Beira até apresentar o pedido de renovação do DIRE: foram 7 meses....600 euros.
Bem resumindo e baralhando, apresentei o contrato da Escola Portuguesa de Moçambique, onde trabalho à tarde e que tem, alta reputação (suportado pelo Ministério de Educação Português) cá e tem parceria diplomática com o Ministério dos Negócios Estrangeiros Moçambicano. Não o apresentei primeiro, porque a escola Verney tinha se responsabilizado em tratar do meu DIRE.
Quando fui para pagar a multa, segui a assistente do Sr. Reinaldo (director de serviço estrang.), até ao gabinete do Chefe Jonas, onde se encontrava todo o meu processo. Quem não gostou foram as pessoas que faziam fila à porta do gabinete dele. Entraram gabinete dentro e até uma Portuguesa quarentona de bom aspecto, disse ao Chefe Jonas: mas o que é isto, a passarem à minha frente?
O Chefe Jonas é um bonacheirão gordinho com ar despachado e disse a todos: bem, eu tenho que sair e já volto....a assistente do Sr Reinaldo que tinha me levado até ali, disse:
Chefe, está aqui aquela Senhora do DIRE....e ele: Ah....bem...está aqui o seu processo... já tem um contrato para apresentar? Sim tenho, está aqui....Ah é da Escola Portuguesa, ok...vamos lá fazer as contas..trouxe o dinheiro?...e eu....ó Doutor, ó Sr. Director veja lá se baixa esta multa, porque eu sou apenas uma Professora que vive do seu salário....e ele diz:
Mas o Sr Reinaldo disse que baixava a multa? Não disse, pos não, então eu também não posso. Não dá menina. E olhe, traga me a declaração da Escola Portuguesa pedindo a renovação do seu documento. É o papel que falta.
Saco do maço de notas em metical quando vejo que ainda tenho que pagar mais uns formulários e averbamentos, não trouxe essa quantia comigo....Ele diz: Não faz mal, amanhã vá ter ao guichet e paga lá tudo, ok?
Saí dali contente, porque não seria expulsa do País, pagando a multa e apresentando um contrato de trabalho válido...sim porque fui avisada pelo Chefe dele que corria esse risco. Aqui não se brinca em serviço neste género de questões e rege-se assim pela lei.
Foi menos uma dor de cabeça a menos com as autoridades deste País.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Está bem... façamos de conta - por Mário Crespo

Está bem... façamos de conta
Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Máscara da miséria corrompida

Estava eu e um amigo Moçambicano andando na Av. Vladimir Lenine, em Maputo, cerca das 21h00, quando fomos interceptados pela policia, que costumam ficar 2 a 2 nas ruas. Fardados de cinzento e apetrechados com uma K não sei quê, metrelhadoras da Rússia, perguntaram-nos pela identificação. Disse-lhes que estava em casa, mas que poderia ir buscar. O meu amigo Moçambicano mostrou o seu BI. Pediram para ver a minha sacola, que eu estupidamente acedi, mesmo perguntando: Porquê?....A intenção deles para mim era óbvia desde o inicio, estorquir dinheiro....de qualquer forma, tentando encontrar algo em que pudessem pegar. Neste caso, seria a minha falta de documentos....pediram por outras palavras dinheiro...eu tinha 200 mt (7 euros) e pediram o telele do meu amigo. Conversámos os dois à parte e claro que nunca na vida iriamos dar-lhes o telele, antes ir para a esquadra. Mas como eu não quero, nem posso ter problemas com a policia, pois a minha autorização de residência está nos serviços de migração para despacho.....disse-lhes que o telele não, o dinheiro sim.....e que não esperava ser recebida assim em Moçambique (fingindo ser uma recém-chegada).
O meu amigo, Moçambicano fez igualmente o choradinho.....e lá conseguimo-nos safar daqueles parvalhões (c o telemovel no bolso e sem o dinheiro), pois ainda tiveram o descaramento de nos dizer "quando um precisa, até as calças tem de baixar"....
Basicamente mandaram-nos parar, porque ele é preto e eu sou branca (desconfiam da mistura de raças); Eles recebem cerca de 75 euros por mês, logo acham-se no direito de roubar os cidadãos, que é uma prática comum neste país por parte da policia. Não é salário decente, já se sabe, mas depois fazem tudo para extorquir gente honesta, fazendo chantagem e ameaçando.
Também o fazem com Moçambicanos, não se pode mostrar medo nunca, mas também não podemos ser agressivos, porque eles têm armas....esta é a realidade de um país que está longe de chegar à democracia, com saláros decentes, sem corrupção, e com condições para o povo poder viver sem "pidir" dinheiro ou o que seja para poderem viver.